30/01/202410:56- atualizado às 10:58 em 30/01/2024
De repente, a escuridão! E qual o remédio para tirar um pequeno vilarejo localizado nas cordilheiras desse tamanho breu? Apenas um: contar com o apoio de uma menina que emana luz pelos olhos. Mergulhado nesse tom de realismo fantástico, recontado em cena a partir da multilinguagem cênica, com música, máscara e teatro de bonecos, a premiada Cia. dos Náufragos, de Campinas (SP), encena o seu mais novo espetáculo: o musical infantil Maria da Luz, em cartaz às quintas-feiras (8/2 e 22/2), às 15h; sextas-feiras (9/2 e 23/2), às 9h; e aos sábados (10/2 e 24/2), às 17h; no Teatro do SESI Ribeirão Preto (SP).
Importante: a entrada é franca, mas há a necessidade de reservar os convites pelo site do SESI.
Marca da identidade da companhia, que se inspira em obras literárias para a confecção de seus espetáculos, o musical infantil Maria da Luz nasceu do fascínio do grupo pelo livro homônimo assinado pelo autor e multiartista uruguaio Rafael Curci, com ilustrações de Ana Muriel. Por sinal, a obra integra a coletânea As Três Marias, uma trilogia de contos breves situados em diferentes povoados da América Latina.
Para Moacir Ferraz (Boa Companhia | SP), o diretor da montagem, o encontro foi amor à primeira leitura. “De cara, dois temas que vimos no texto original nos chamaram a atenção: o nascimento de uma criança como força renovadora da vida e o embate entre um modo de viver mais simples, em comunhão com a natureza, versus a versão moderna de existência baseada no modelo de consumo capitalista”, destaca o diretor.
Para conhecer a narrativa, o espectador precisará viajar até um vilarejo longínquo chamado Tokonar. Nesse local de escuridão, isolado entre as montanhas das cordilheiras, nasce uma menina com um dom muito peculiar: o de emanar luz pelos olhos. Com a falta de iluminação e o desarranjo de uma promessa de eletricidade, somente a luz de uma criança é a esperança para a sobrevivência da comunidade.
E como trazer Maria da Luz à luz dos holofotes? A resposta é de puro encantamento: a partir da multilinguagem cênica, composta de música, máscara e teatro de bonecos, outra marca da pluralidade cênica da Cia. dos Náufragos. Tudo isso, é claro, esculpido de forma coletiva durante os ensaios, que contaram com exercícios de imaginação, improvisação e criação. Destaque aos atores-músicos Cristiane Taguchi, Esteban Alvarez, Miguel Damha e Renan Villela, que dão vida a oito personagens para lá de fantásticos e misteriosos.
Os destaques
Construídas pelo artista Lu Antunes, de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, as máscaras do espetáculo são o passaporte para o universo fabuloso. “A máscara é um instrumento ancestral ligado às origens do próprio teatro. No caso de nossa peça, ela auxilia a trazer o elemento fantástico que ronda o vilarejo de Tokonar, pois os habitantes não são pessoas comuns, como os espectadores vão comprovar”, conta o ator Miguel Damha.
Já a trilha sonora original, assinada pelo trio Esteban Alvarez, Renan Villela e Bruno Cabral, é executada ao vivo a partir da sonoridade de inúmeros instrumentos, entre os quais o charango (pequeno instrumento de cordas andino), que se torna fio condutor da narrativa. “A cultura andina é uma grande influência para o espetáculo. Além de inspirar a música, ela permeou a costura dos figurinos, que recriam os trajes tradicionais dos povos andinos, e a construção dos cenários, que contam com estruturas dinâmicas e luminosas”, destaca a atriz Cristiane Taguchi.
E qual luz de esperança o espetáculo traz aos pequenos e grandes espectadores? A Cia. dos Náufragos permite alguns spoilers: a importância das crianças no coletivo, a harmonia de se viver em comunidade, o respeito à natureza e o fim das intolerâncias. Só isso? Cristiane Taguchi acrescenta mais algumas: “Gostaria que o público tivesse uma experiência divertida e emocionante, e que ela contribuísse, de alguma forma, com a construção de uma sociedade mais simples e feliz.”
Ficha Técnica
Dramaturgia: Cristiane Taguchi, Miguel Damha e Moacir Ferraz (livremente inspirado no livro Maria da Luz, de Rafael Curci) | Direção: Moacir Ferraz | Elenco: Cristiane Taguchi, Esteban Alvarez, Miguel Damha e Renan Villela | Trilha sonora original: Esteban Alvarez, Renan Villela e Bruno Cabral | Cenografia: Thalia Castro | Cenotécnica: Buenos Cenários | Bonecos: Érico Damineli | Figurinos: Laura Françozo | Máscaras: Ateliê Lu Antunes | Adereços: Graziele Garbuio e Julio dos Tambores | Desenho de luz: Eduardo Brasil | Operação de luz: Presto Kowask | Operação de som: Gisele Nunes | Arte gráfica: Ana Muriel | Coordenação de produção: Cristiane Taguchi | Produção local: Cassiane Tomilhero, Graziele Garbuio e Júlia Conterno | Produção: Cia dos Náufragos | Realização: SESI-SP e Governo do Estado de São Paulo
Duração: 50 minutos
Classificação: Livre
Serviço
O quê: Maria da Luz, da Cia. dos Náufragos
Quando: Quintas-feiras (8/2 e 22/2), às 15h; sextas-feiras (9/2 e 23/2), às 9h; e sábados (10/2 e 24/2), às 17h.
Onde: Teatro do SESI Ribeirão Preto (Rua João Ignachiti, 20-364, Jardim Castelo Branco, em Ribeirão Preto/SP)
Quanto: entrada é franca, com reserva pelo site do SESI