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Centro Cultural do Sesi recebe a Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto em visita guiada

A exposição gratuita “Terra, Terreno, Território” conta com piso tátil, audiodescrição e obras táteis

 Por: Isabella, Sesi Ribeirão Preto
13/09/202417:11- atualizado às 17:34 em 13/09/2024

Nesta sexta-feira (13), o Espaço Galeria do Centro Cultural recebeu a Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto (Adevirp) para uma visita guiada na exposição “Terra, Terreno, Território”, da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini.

Com visitação gratuita e acessibilidade, a mostra conta com piso tátil, audioguia, nove obras táteis, dez obras com audiodescrição e entrevistas em vídeo com tradução em Libras.

Por meio de retratos do cotidiano de comunidades indígenas de São Paulo, a exposição propõe uma reflexão sobre como é ser indígena em contexto urbano, a necessidade de compreender a cultura indígena para além dos clichês que achatam a diversidade do termo e a responsabilidade coletiva no enfrentamento ao apagamento da cultura dos povos originários.

“Para definir as coisas, precisamos de um certo referencial. E a gente como vidente, como pessoas que enxergam, vai construindo isso a partir das imagens que vamos acumulando. Mas não existe só o ver, tem o sentir também. Um deficiente visual vai ter uma memória visual a partir das sensações”, explica o educador do Sesi Ribeirão Preto, Roberto Rodrigues. “Então é mais ou menos nesse lugar, do verbo construindo o visual. Antes da imagem, tem o verbo. É a palavra ou a textura como ativador de memória, de sensações, de sentido”, completa.

As fotografias são impressas em papeis sensibilizados com pigmento extraído do fruto jenipapo - utilizado por muitas etnias nas pinturas corporais - ou diretamente em folhas de plantas - como taioba, singônio, helicônia, cará-moela, batata-doce, cúrcuma e guiné - em molduras que variam de 35x45cm a 100x100cm.

Na visitação, o público teve acesso a uma réplica em papel das folhas utilizadas pela artista para permitir a construção imagética das dimensões e formatos das obras.

Eles também refletiram sobre a intencionalidade da artista com a obra, passando pela preservação ambiental, pela valorização de elementos da culinária tradicional indígena, como a folha de Taioba, e pela necessidade de preservação da memória pelo público, uma vez que o material onde as fotografias foram impressos tende a se deteriorar com a ação do tempo.

As obras de Dani Sandrini trazem justamente uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual. “O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas e que se transformam com o tempo; uma referência a permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.

Multiplicador de vivências, o projeto - que fotografou pessoas de muitas etnias, oriundas de várias regiões do país - encontra em diferentes linguagens e suportes caminhos para a construção de uma sociedade mais plural e diversa.

“A gente está falando de um público, os deficientes visuais, que tem poucos acessos. Na dança, por exemplo, têm mais dificuldade, porque muitas vezes você copia o gesto da outra pessoa. Quando tem alguma coisa que é acessível, eles se sentem incluídos, se sentem pertencentes. Então é só uma questão de ter acesso à arte”, diz a professora da Adevirp, Claudia Capranica.

Sobre a artista

Dani Sandrini é fotógrafa, educadora e artista visual radicada em São Paulo. Desde 2014, desenvolve projetos mesclando fotografia documental/imaginária com impressões artesanais ou experimentais. Em seu trabalho, tem estudado o entrelaçamento de materiais e suportes com as imagens fotográficas e a ação do tempo sobre elas.

Dependendo do projeto e de sua singularidade, sua fotografia pode ser simplesmente tirada com câmera digital e colocada em papel ou telas, mas também pode conter outros elementos que acrescentem significado à imagem final, além de camadas extras de subjetividade. Dani tem experiência em processos fotográficos artesanais e desenvolve projetos utilizando tranferprint, pinhole, cianotipia, antotipia e fitotipia.

Nos últimos anos, seu projeto terra terreno território, sobre os povos indígenas do século XXI, vem circulando por grandes cidades, estando presente em exposições nos municípios de São Paulo, Itapetininga, Campinas, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Amparo, Olinda e Chapecó, além de mostras internacionais na Colômbia, França, Portugal e Índia.

Serviço

Exposição Terra Terreno Território
Temporada: 26 de abril a 29 de setembro de 2024
Horário: Quarta à sábado, das 11h às 20h, e domingo, das 13h às 19h.
Classificação: Livre.
Agendamentos para visitação em grupos no e-mail jade.coelho@sesisp.org.br.

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