24/03/202311:50- atualizado às 11:51 em 24/03/2023
Serão duas apresentações de dois icônicos e consagrados espetáculos de dança flamenca contemporânea, criados e dirigidos pela bailarina e coreógrafa Ale Kalaf, que acontecem num único fim de semana: A Borboleta e o Cubo de Vidro (sexta, 31 de março, às 20h) e Concreto (sábado, 1 de abril, às 20h). E mais: para abrir a temporada na cidade, escolhida para dar início a esta grande jornada da companhia de dança em cidades do interior e litoral do Estado de São Paulo, um dia antes das apresentações, haverá o encontro Vivência Flamenca com Ale Kalaf: Corpo, Pertencimento e Limites (quinta, 30 de março, às 19h30), voltado a todos os interessados em ampliar seus conhecimentos e o contato com esta arte. A programação é totalmente gratuita e aberta ao público.
A Borboleta e o Cubo de Vidro, de Ale Kalaf
Foto: Ale Kalaf em “A Borboleta e o Cubo de Vidro", de Ale Kalaf. Crédito: Ana Nicolau Saldanha
Sobre o “A Borboleta e o Cubo de Vidro”, o gatilho para criação desse espetáculo solo de dança flamenca contemporânea, com criação, direção e interpretação da bailarina Ale Kalaf, se deu a partir do contato da artista com uma pesquisa da antropóloga Mirian Goldenberg, na qual ela pergunta a 5 mil homens e mulheres o que eles mais invejavam no gênero oposto. E as respostas, serviram como uma faísca em terreno seco. Para encarnar esse problema, deixar emergir a dramaturgia no corpo e trazer à superfície novas tessituras cênicas, se fez inevitável que a intérprete criadora entrasse em contato com a sua própria biografia, e a partir dos elementos que surgiram deste processo se apropriou de suas escolhas como ferramentas de criação. Escolheu ser livre até mesmo da própria linguagem, trazendo para a cena partituras de improviso e coreografias que distorcem, desassociam, violam a fidelidade à tradição da dança flamenca buscando lealdade apenas à sua expressão.
O espetáculo, como um processo de pesquisa, parte então como um contraponto para as inúmeras tentativas de reduzir uma jovem a nada. É a comemoração de uma sobrevivência e não de uma derrota. Dançar uma história, não por achá-la excepcional, mas sim, porque ela é absolutamente comum e onipresente. Usar o palco como uma plataforma para mergulhar dentro, afrouxando a corda tensa da vigilância que não permite acessar a realidade das memórias.
FOTOS e LINKS
Espetáculo https://drive.google.com/drive/folders/1HI_Ax0reJyPpL9_6VxdxXiNvQOIfbqWw?usp=sharing
Sobre o projeto, com Ale Kalaf https://youtu.be/rLX6FYogCdQ
FICHA TÉCNICA Concepção, criação, direção e interpretação: Ale Kalaf; Dramaturgia: Nathalia Catharina; Preparação corporal e fisicalidade: Patricia Bergantin e Adriana Nunes; Provocação artística, treino do ator, fala e dança-teatro: Daniella Nefussi; Light design: Miló Martins; Técnica de luz: Fernanda Guedella; Técnica de som: Cecília Luss; Cenografia: Karina Diglio; Figurinos: Cida Andrade; Trilha sonora original: Letícia Malvares; Gravação, captação e edição trilha sonora: Estúdio Loop; Audiovisual: Paula Mercedes; Fotografia: Ana Nicolau Saldanha; Psicóloga, Psicanalista e mestre em Saúde Pública: Lígia Polistchuck; Comunicação: Maria Luiza Paiva; Produção: Cau Fonseca e AnaCris Medina
Concreto
Foto: Ale Kalaf em Concreto. Crédito: Rita Araújo
Concreto é inspirado no livro “Tentativa de esgotamento de um local parisiense” de George Perec, obra que revela a experiência contemporânea de um voyeur urbano, contemplador e narrador da cidade. No ano de 1974, Perec permaneceu três dias seguidos na praça de Saint-Sulpice, em Paris, anotando tudo o que via. Com essa proposta, o autor transformou os acontecimentos cotidianos da rua em um texto composto por fotografias escritas, um catálogo de ações, gestos e imagens, uma lista de fatos insignificantes da vida cotidiana. A coreógrafa Ale Kalaf repetiu a experiência de Perec na cidade de São Paulo, 44 anos depois, observando essa realidade que nos escapa. A partir dessa vivência, encontrou vieses possíveis para esboçar os contornos dessa relação entre os indivíduos e suas cidades e o lugar que essa cidade ocupa no interior de cada um. O caminho coreográfico escolhido, assim como na narrativa de Perec, não tem regras, cadência ou hierarquia, a proposta é trazer uma estética urbana para o estado corporal do flamenco, ressignificando assim seus gestos e suas intenções.
Neste link a artista fala mais sobre a criação do trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=pkze-BLKVvI
SERVIÇO
Vivência Flamenca com Ale Kalaf: Corpo, Pertencimento e Limites
Quinta, 30 de março, às 19h30A Borboleta e o Cubo de Vidro”, de Ale Kalaf
Sexta, dia 31 de março às 20hConcreto
Sábado, 1 de abril, às 20hSESI Ribeirão Preto
R. Dom Luís do Amaral Mousinho, 3465 - Castelo Branco - Ribeirão Preto/SP
Entrada gratuita